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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Chapter Eleven

Voltamos à cabana e eu e Joe esperamos em silencio enquanto Rebeca fazia o feitiço pra encontrar meu pai. Teria sido um ótimo momento de paz se não fosse o fato de eu estar vendo o Joseph mau também, mesmo quando não estava falando nada, ele ficava lá, sorrindo pra mim e eu estava começando a me irritar, era difícil ignorar, mas fiz um esforço, Rebeca e Joe__ eu resolvera chamá-lo assim agora, pra diferenciá-lo da minha linda alucinação__ já estavam preocupados demais comigo.
__Que demora__ Joseph resmungou, ele estava ao meu lado, de braços cruzados, batendo o pé no chão com impaciência__ odeio esperar, mande ela se apressar, não temos todo tempo do mundo.
__Cale a boca__ sussurrei nervosa.
__Falou comigo?__ Joe me encarou confuso.
__Não, estava falando sozinha__ disfarcei com um sorriso.
__Eu era patético com um humano__ Joseph comentou__ virei um completo pateta de novo, você precisa concertar isso Demi, porque não o agarra? Aposto que isso o faria lembrar.
Ignorei o comentário besta e tentei fingir que ele não estava ali, pois Joe já tinha percebido que tinha algo errado comigo e eu não precisava ter que ficar me explicando pra ninguém agora, só fechei os olhos e torci pra que Rebeca conseguisse achar logo o meu pai.
__Tem alguma coisa errada__ Rebeca murmurou, o olhar distante enquanto segurava com força as alianças__ eu não consigo encontrá-lo.
__As alianças não eram boas o bastante?
__Não é isso, alguma coisa está interferindo__ ela disse fechando os olhos__ mas eu acho que sei o que é.
__Amélia?__ Joe adivinhou.
__Acho que ela está com seu pai__ Rebeca sussurrou__ deve estar usando seu poder pra escondê-lo de mim, eu sinto muito Demi, mas o único jeito de encontrá-lo é indo atrás dela.
__Acha que... Acha que ele pode estar morto?__ perguntei com medo da resposta.
__Acho que não, acho que ela precisa dele... Um motivo pra atraí-la.
Eu não sabia se devia sentir pena e me preocupar com ele, meu pai parecia tão assustado a ultima vez que o vi, mas por outro lado, ele que procurara por aquilo.
__Não sinta pena__ Joseph sussurrou em meu ouvido e me arrepiei dos pés a cabeça__ ele re fez sofrer Demi, você está nessa confusão por culpa, seja lá o que estão fazendo com ele, ele merece. Ele nem merece ser chamado de pai, a única parte ruim é não poder dizer umas verdades na cara dele.
__Vamos achá-lo Demi__ o Joe real disse e sorriu docemente pra mim__ não se preocupe, vamos dar um jeito de salvá-lo também, vai dar tudo certo, só precisamos de tempo.
Era engraçado... A mesma pessoa, duas opiniões tão diferentes. Mais engraçado ainda, naquele momento eu quis ainda mais desesperadamente que Joe se lembrasse de tudo, eu quis o meu amor de volta. Pra poder discutir com ele questões moralistas imbecis, ver o seu sorriso presunçoso, beijá-lo e me jogar em seus braços pra encerrar uma briga sem fundamento.
__Temos que sair da cidade__ Rebeca interrompeu meus pensamentos.
__E vamos pra onde?__ perguntei.
__Sacrifice__ ela respondeu e por um momento pensei ter ouvido errado.
__Espera... Você disse Sacrifice ou entendi errado?
__Lá é o lugar perfeito pra nos escondermos__ ela deu de ombros.
__Você acha que não vão nos procurar lá? No lugar mais óbvio? E tem gente que eu amo naquela cidade, se descobrirem que eu fui pra lá, podem tentar usá-los pra me atingir.
__Se quisessem te atingir dessa forma já teriam feito... Temos que ir pra lá, é o único jeito.
__Pergunte a ela o que tem em Sacrifice de tão importante__ Joseph disse__ concerteza não é apenas saudade o motivo pra ela querer ir pra lá tão desesperadamente.
__O que tem lá?__ perguntei curiosa__ porque quer tanto ir pra lá?
__Porque acha que tem alguma coisa lá?__ ela desconversou__ só acho que a casa do Joseph é um lugar seguro e também confortável pra ficarmos, não podemos nos encolher em uma cabana qualquer o resto da vida, precisamos de segurança e conforto pra pensarmos melhor.
Não engoli aquela do conforto... Tinha algo errado.
__Agora pergunte a ela o que tem de tão importante na minha casa__ Joseph começou a me atentar de novo.
__Tem alguma coisa na coisa na casa dele não tem? Algo que você quer?
__Não sei do que você está falando__ ela deu de ombros.
__Somos amigos há muito tempo Demi__ Joseph disse__ temos muitos segredos que você não conhece.
__Tipo o que?__ não consegui me segurar e o encarei irritada__ já transaram por acaso?
__Não, mas não foi por falta de tentativa__ ele disse rindo__ ela é gostosa.
Eu o encarei indignada... Era muito cara de pau.
__Com quem está falando Demi?__ Rebeca perguntou confusa.
__Com a minha alucinação__ respondi irritada__ esqueceu que eu estou ficando maluca?
__Demi, você não está louca, vamos concertar isso__ Joe tentou me animar.
__Mande esse idiota calar a boca__ Joseph resmungou__ se eu soubesse que ficaria assim tão chato não teria feito aquele ritual, olhe só... Virei um molenga, patético.
__Precisamos ir Demi... Acredite em mim, eu sei o que estou fazendo...
De repente todos começaram a falar de uma vez. Rebeca tentando me convencer de que ir a sacrifice era a melhor solução no momento, Joe tentando me dizer que eu ficaria bem, com aquele maldito sorriso acolhedor, e Joseph, minha linda alucinação falando besteiras e zombarias... Era coisa demais na minha cabeça, era muita coisa pra aguentar sozinha e minha cabeça começou a doer, eu sentia que poderia explodir a qualquer momento. Coloquei a mão nos ouvidos, como se aquilo pudesse calar as vozes, mas elas só pareciam ficar ainda mais altas, e eu me sacudi insistentemente pra frente e pra trás... Só queria que parasse.
__Por favor parem__ eu pedi agoniada__ parem de falar, parem com isso... Estão me deixando louca.
__Demi__ senti uma mão tocar meu ombro gentilmente__ o que foi?
__POR FAVOR PAREM__ eu gritei descontrolada me levantando do chão.
Acho que levantei rápido demais, pois tudo pareceu girar a minha frente e não consegui ficar de pé... Meu corpo tombou pra trás, mas senti braços me segurando antes que eu acertasse o chão. Tudo ficou escuro e eu apaguei, as vozes finalmente se calaram.

Joseph Narrando


Eu olhava pra Demi que agora se encontrava desacordada. Ela desmaiara em meus braços, alterada demais, eram muitas coisas na cabeça pra absorver, muitos problemas de uma vez, eu queria poder tirar aquele peso de suas costas, mas infelizmente eu não podia.
__Ela vai ficar bem?__ perguntei realmente preocupado, eu percebia que a cada segundo que ficava perto dela eu passava a me importar ainda mais, era difícil não se apegar. Ela era tão corajosa e ao mesmo tempo tão frágil. Tinha algo nela extremamente encantador e revigorante que me fazia querer encarar aquela nova vida que me fora imposta, que me fazia querer encarar todos os meus medos.
__Ela é mais forte do que parece__ Rebeca respondeu__ eu vou dar um jeito de ajudá-la, só preciso de um pouco mais de tempo.
__Eu queria poder ajudá-la Beca, mas não sei como fazer isso.
__Tem um jeito, você sabe qual é.
Claro, me lembrar da vida que esqueci. A questão era que eu não queria me lembrar embora precisasse, e a parte irônica é que eu sabia que era inevitável. A cada coisa que eu via, que eu tocava, que eu sentia, as memórias iam voltando, bem devagar, mas iam, e não tinha como fazer parar.
__Eu não quero lembrar, mas não tenho como evitar__ sussurrei enquanto brincava com uma mexa do cabelo de Demi__ eu posso sentir aquilo tudo voltando aos poucos Beca, algumas vezes são flashes, algumas cenas que não fazem muito sentido, fora de contexto. Outras vezes são apenas sensações sabe? Sensações tão intensas e assustadoras... Eu sinto uma raiva e um ódio tão grandes, um desejo assassino por sangue, e então tem a culpa e... Essa coisas que me toma toda vez que olho pra ela... Eu... Eu tenho medo.
__Suas memórias não são tão ruins quanto parecem, pelo menos não algumas delas. Você estava mudando, ela estava mudando você, você estava começando a seguir um caminho diferente, talvez te faça bem lembrar.
__E quanto ao resto? Como vou viver com o resto? A dor, o desespero.
__Não sei o que dizer... Talvez ficar se torturando pensando em como vai ser seja pior, talvez se as memórias voltarem de uma vez esse medo passe, você vai se sentir livre.
__Ou talvez eu precise disso Beca, talvez eu precise ir me acostumando.
__Bem, de um jeito ou de outro... Você vai lembrar.
Sim, era uma questão de tempo até eu me lembrar. Não se tratava mais do que eu queria e sim do que era necessário, e no momento era necessário que eu lembrasse.
__Temos que ir pra Sacrifice Joseph__ Rebeca insistiu.
__O que tem de tão importante lá?
__Algo que pode nos ajudar.
__E porque faz tanto mistério?
__Ela não precisa de falsas esperanças, não queria dizer nada até ter certeza entende?
__Qualquer esperança é melhor que nada Beca__ eu a corrigi.
Levantei-me, pegando Demi no colo ainda desacordada, a mantendo segura em meus braços.
__Tudo bem, vamos de uma vez.
__Está fazendo a coisa certa__ Rebeca sorriu pra mim antes de por a mão em meu ombro e nos levar rumo ao nosso novo refugio... Sacrifice.

Fim do Capítulo





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Heyy amores, desculpa não postar ontem, mais não deu!
Eu sei que devo ter matado vocês de curiosidade, mais ai está o capitulo!
Tenho uma noticia meio ruim pra vocês: Meu note deu problema de novo! pokasopas Na verdade foi o carregador, o carregador que eu tinha comprado era de plastico ¬¬ ai a porra tava meio derretida, ai tipo eu tinha que ir indo girando(até quand onão tava derretido tava assim) até mostrar que tava carregando, ai tipo derreteu só que continuou mais eu tinha que deixar bem na pontinha pra carregar! Ai eu enfiei todo e quando fui ver não quis sair mais! Isso aconteceu ante-ontem se eu não me engano, e até hoje não soltou! Quando passar esse diazinhos de "festas" e tals eu vou levar na loja de novo ¬¬. Ai eu vou indo demorando pra postar essa fic pra dar tempo de meu note voltar tudo ao normal e eu começar a outra, que até agora eu só tenho a sinopse!
Eu tenho ideias, umas 3 ou 2 de mini-fics, não sei quando vou poder postar, mais queria postar antes de Darkness acabar!
Enfim... acho que é só isso!!
Beeeeeeijos

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Chapter Ten


Demetria Narrando

Nós fugimos, corri como nunca tinha corrido antes na minha vida e ainda achei que não seria rápido o suficiente, achei que meus esforços seriam em vão. Mas nós conseguimos, saímos de lá e ninguém apareceu pra nos impedir por mais estranho que pareça, ninguém tentou nos matar no processo e embora fosse uma coisa boa aquilo me deixou mais nervosa. Quando nos afastamos do galpão eu desabei, Joseph me segurou em seus braços, me mantendo de pé e mesmo sem querer eu chorei agarrada a ele, eu não consegui evitar, estava cansada de quase morrer e ser torturada todos os dias, eu queria minha vida de volta.
Rebeca nos encontrou uns minutos depois e nos levou pra um lugar seguro, uma cabana abandonada bem longe daquele galpão. Ela lançou um feitiço de proteção no lugar, para impedir que qualquer um entrasse ali e não estava convencida da nossa estranha sorte, pra ela a nossa fuga não foi coisa do acaso, claro que isso não me ajudou a me acalmar.
Eu me encolhi em um canto da cabana, tremendo dos pés a cabeça agora que tinha um tempo pra pensar no que acontecera, Joseph se sentara do meu lado e tentara me confortar meio sem jeito, mas a presença dele era como um calmante pra mim, mesmo que eu estivesse me iludindo, por um momento foi bom tê-lo ali comigo e sentido que de alguma forma ele se importava comigo.
__Temos que sair daqui__ Rebeca disse__ precisamos ir pra um lugar bem longe e seguro, o mais ideal seria sairmos da cidade um tempo, eu já até sei aonde devemos ir.
__Eu não vou a lugar nenhum__ avisei a encarando com raiva, agora que eu tivera a chance de pensar eu precisava por umas coisas em ordem, colocar os pingos nos is e percebi que estava morta de raiva dela e de Joseph também.
__Porque não?__ ela pareceu confusa.
__Não vou sair da cidade antes de falar com meu pai, eu tenho umas coisas pra dizer a ele.
__Não é uma boa hora pra isso Demi__ ela tentou me alertar__ você pode fazer isso outra hora.
__Não venha me dizer o que devo fazer__ a interrompi antes que continuasse__ você mentiu pra mim, sabia esse tempo todo que eu era uma bruxa e não me contou, você, meu pai e você também__ me virei pra Joseph zangada__ vocês sabiam de tudo e me enganaram.
__Demi eu não me lembro de...
__Não toque em mim__ me desvencilhei de seu toque, mesmo que isso doesse na minha alma__ não venha com essa desculpa de que não se lembra, isso não muda nada, você não lembra mais eu sim. Você sabia do perigo que eu corria e mesmo assim fez essa droga de ritual conseguiu sua liberdade e me deixou sozinha no escuro sem proteção.
__Ele deixou a mim__ Rebeca me lembrou__ ele me pediu que te protegesse.
__E você não o fez... Você só me enganou... Que droga, achou que não fosse importante eu saber que meu pai me vendera pra uma bruxa e que um demônio queria me sacrificar com um animal? Que droga de ajuda é essa em? Que tipo de amiga é você?
__Só queríamos o seu bem__ ela disse envergonhada.
__Não me interessa__ a fuzilei com os olhos__ eu vou encontrar meu pai e acertar minhas contas com ele, só depois vamos sair dessa maldita cidade.
__Ainda vai querer nossa ajuda?
__Eu preciso de você pra me explicar essa coisa... Essas coisas que eu fiz e... Agente tem que conversar__ eu me levantei__ e estamos todos juntos nessa apesar de vocês parecerem não entender o que isso significa.
Os dois me encararam sem jeito, claramente envergonhados por suas atitudes, até mesmo Joseph que não se lembrava de ter me feito nada, eles podiam estar querendo me proteger, mas só tinham piorado tudo mentindo pra mim, eu não era mais criança, eu tinha o direito de saber a verdade e me defender.
__Adoro quando você banca a durona, é tão excitante__ eu congelei ouvindo aquela voz. Desviei o olhar dos dois a minha frente pra encarar Joseph que estava parado ao meu lado, mas não o Joseph de verdade e sim aquela maldita alucinação que não me abandonava mesmo depois de eu ter acordado do sonho. E a pior parte era que parecia extremamente real... Real demais, tanto que fazia meu coração quase saltar pra fora do peito, algo que eu já não sentia a um tempinho.
__Demi qual o problema?__ Rebeca perguntou__ que cara é essa?
Eu não conseguia tirar os olhos da alucinação que me encarava sorrindo, e pensei que minha expressão devia ser de pavor pelo tom de voz e da preocupação que senti em Rebeca. Eu precisava de ajuda.
__Tem alguma coisa errada comigo__ eu murmurei aflita.
__Você está me assustando__ ela comentou__ o que foi Demi?
__Sua irmã, ela fez alguma coisa comigo enquanto eu estava presa__ finalmente a olhei__ um feitiço, ela disse que quando chegasse a minha hora eu não precisava ver, ela criou uma espécie de sonho e me prendeu lá, eu não sei explicar, foi como se tivesse realizado um desejo meu, mas não era real.
__Eu sei que feitiço é esse__ ela disse pensativa__ o que tem isso?
__Nesse sonho eu ficava vendo o Joseph__ expliquei__ mas ele não era real, era como uma alucinação, um delírio meu, me dizendo que eu precisava acordar e ajudá-lo, ajudá-lo a se lembrar. Era o antigo Joseph, antes de... Perder a memória.
__Aposto que isso não fazia parte do sonho que minha irmã criou.
__Não, foi mais uma... Parte de mim que sabia que aquilo era errado e queria acordar__ continuei a explicar__ e eu acordei, eu... Forcei a mim mesma a acordar. Só que agora, mesmo depois de acordada, eu continuo vendo ele, continuo tendo as alucinações.
__E eu que achava que não tinha como ficar mais estranho__ o Joseph verdadeiro murmurou.
__Acho que sei o que deu errado__ Rebeca disse__ escute Demi, você não devia ter acordado desse sonho, não sozinha, você deveria ter ficado presa lá até que Amélia a fizesse acordar, você fez algo impossível. E é exatamente esse o problema.
__Não estou entendendo.
__Você não, digamos... Acordou completamente, você não se livrou totalmente do feitiço, sua mente ficou presa entre a realidade e o sonho que ela criou. Por isso as alucinações continuam, ao acordar sozinha você meio que... Quebrou alguma coisa, por assim dizer.
__E você pode concertar isso?__ eu esperava sinceramente que sim.
__Não, só Amélia pode fazer isso, ou uma bruxa mais poderosa que ela, bem mais.
__Você é mais poderosa que ela... Problema resolvido.
__Eu era__ me corrigiu__ ela está com Crowley agora Demi, ela tem acesso à magia negra, mil vezes mais poderá do que a magia que eu tenho, não posso com isso, não ainda, não agora.
__Mas isso não é perigoso não é?__ Joseph perguntou a fitando preocupado__ quer dizer, não vai ser prejudicial a ela, vai ficar tudo bem com ela até você... Dar um jeito.
__Eu não sei__ ela falou preocupada__ você é uma bruxa Demi, não sei como isso vai te afetar, mas eu sei que quando é feito em humanos, chega uma hora em que a pessoa não consegue mais distinguir o sonho da realidade e pode ficar...
__Louca__ eu completei a frase__ quer dizer que eu posso ficar louca?
__Eu não apostaria nisso, você é forte, é uma bruxa... Só... Tente manter o foco na realidade, eu vou dar um jeito de concertar isso, eu já até tenho uma ideia, mas precisamos de tempo e de um lugar seguro pra ficar, eu preciso de calma pra pensar, não funciono bem sob pressão.
E meu dia não parava de melhorar. Eu devia ter jogado pedra na cruz ou algo parecido.
__Acho bom começarmos com isso logo__ eu disse tentando não me desesperar__ pode encontrar meu pai?
__Preciso de um objeto pessoal dele__ ela informou__ algo com o que ele tenha uma ligação forte.
__Eu sei onde conseguir__ me levantei__ eu volto rápido.
__Não é uma boa ideia sair da cabana, podem pegar você lá fora.
__Bem, eu tenho super poderes agora__ falei cinicamente__ eu vou ficar bem.
__Demi...
__Não começa, eu vou fazer isso com ou sem a sua ajuda.
Eu tinha problemas demais nas minhas costas, eu ia resolver todos quer ela me ajudasse ou não, eu estava cansada de ser a menininha fraca que todos protegiam, eu queria que tudo aquilo acabasse e ia fazer por onde, não cruzar os braços e esperar que me salvassem.
__Eu vou com ela__ Joseph propôs.
__Não preciso da sua ajuda, provavelmente vou ficar melhor sem você__ resmunguei amargurada.
__Deixe ele te ajudar__ Rebeca insistiu__ ele arriscou a vida pra te salvar hoje, podia ser mais agradecida.
__Ta tudo bem Beca__ Joseph interveio__ não devíamos ficar brigando um com o outro, temos que nos unir, estamos todos no mesmo barco lembra?
Revirei os olhos com impaciência, eu só queria ficar longe dele antes que enlouquecesse de tanta saudade e agonia. Mas aparentemente eu não me livraria de Joseph tão cedo, além do original agora tinha uma alucinação sedutora que não me largava. Diabos, ele me perseguia de todos os modos possíveis.
__Tudo bem, que seja__ acabei cedendo__ mas vamos de uma vez.
__Voltamos o mais rápido possível__ ele disse a Rebeca.
_____________________________
Quando eu e Joseph saímos da cabana confesso que apesar daquela minha postura de durona, estava com medo de que nos pegassem, porém__ não sei se era sorte ou algo mais__ ninguém apareceu pra tentar nos matar, embora eu me sentisse vigiada o tempo todo. O apartamento do meu pai não era longe e quando chegamos lá não foi difícil entrar, a porta estava aberta e não havia sinal dele em lugar nenhum, fiquei preocupada com ele, afinal a ultima vez que o vira ele estava fugindo de Marcus, será que estava bem? Eu esperava que Rebeca pudesse me responder isso.
__Eu procuro no quarto e você aqui na sala__ falei caminhando em direção ao corredor, mas ele segurou meu braço gentilmente me impedindo de continuar, tentei ignorar a sensação de calor que se espalhou por todo meu corpo com seu toque.
__Você esta com raiva de mim__ Joseph disse me olhando nos olhos.
__Joseph, temos que achar logo o que procuramos e sair daqui__ eu disse querendo fugir do assunto.
__Eu sei que não adianta de muita coisa dizer isso, mas eu sinto muito Demi__ ele sussurrou__ eu sei que as coisas que eu fiz foram erradas, e mesmo sem lembrar de tudo eu me arrependo, eu queria poder concertar.
__Mas você não pode, e porque se importa com o que eu penso? Eu não sou a Marie__ resmunguei amargurada puxando meu braço da mão dele.
__É disso que se trata?__ ele me encarou__ do que eu sinto pela Marie?
__É claro que é disso que se trata__ confessei sem me importar muito com o que ele pensaria__ o cara que eu amo me esqueceu e só consegue pensar na ex namorada morta, como você acha que eu me sinto? Não importa o que você diga ou faça Joseph, você não pode concertar isso... A menos que decida se lembrar de tudo, vai continuar sendo desse jeito, porque é muito mais fácil pra mim sentir raiva do que amar você, está satisfeito?__ soltei tudo de uma vez__ será que podemos fazer o que viemos fazer agora?
Ele não me respondeu e entendi aquilo como um sim, então me afastei e entrei no quarto do meu pai... Eu odiava tanto olhar pra Joseph e ver aquele cara inseguro e assustado, a raiva me ajudava a não desmoronar e eu a alimentaria enquanto pudesse pra não enlouquecer.
Comecei a procurar algo com valor sentimental nas coisas do meu pai, nada parecia muito bom e eu já começava a ficar frustrada quando abri a porta do guarda roupa e encontrei um cofre, oque teria sido perfeito se não fosse o fato de precisar de uma senha pra abrir.
__Desgraçado paranóico__ resmunguei comigo mesma.
__Lembra desse cofre Demi?__ o ar fugiu quando ouvi aquela voz atrás de mim, principalmente por não ser a voz que eu esperava. Virei-me lentamente e dei de cara com meu irmão parado ali sorrindo pra mim e percebi que meu caso era grave__ papai nem deixava a gente chegar perto dele.
Fiquei congelada no lugar sem saber o que fazer, estava dividida entre o medo de ficar louca e a agradável sensação de ter meu irmão por perto de novo, embora soubesse que não era real. Não consegui evitar sorrir de volta pra ele enquanto lágrimas se formavam em meus olhos.
__Qual você acha que é a combinação?__ ele perguntou__ papai não abria o cofre perto da gente, só faltava arrancar nossos olhos fora pra que não descobríssemos... Eu sempre imaginei o que ele esconderia ai.
__Talvez... __ gaguejei um pouco, mas não resisti em conversar com ele__ talvez seja o seu aniversário, sempre foi o filho preferido, não duvido nada que seja isso.
__Seria óbvio demais__ ele revirou os olhos__ e eu não sou o preferido, isso é mentira.
Eu tentei o aniversário dele, e realmente não funcionou.
__Viu só?__ ele riu__ talvez seja o seu... A caçulinha querida.
__É claro que não é isso.
__Tente Demi, vamos lá... Pode se surpreender__ ele insistiu.
Mesmo sem acreditar que funcionaria eu tentei o meu aniversário, uma data que me incomodava muito desde que David morrera e que eu já não fazia questão de comemorar, digitar aqueles números doeu em mim mas o fiz e me surpreendi quando o cofre abriu.
__Funcionou__ eu sorri surpresa.
__Viu? Você não se dá o devido valor bonequinha.
Comecei a mexer no cofre pra ver se tinha algo que servisse. Achei dinheiro, muito dinheiro por sinal, eu não sabia que meu pai tinha aquela grana toda guardada, ainda mais no apartamento. Peguei um pouco e coloquei no bolso achando que poderíamos precisar, não ia considerar como roubo já que ele era meu pai e tinha ferrado com a minha vida. Tinha alguns documentos, fotos da família e uma caixinha. Eu abri pra ver o que tinha dentro e eram as alianças dele e da minha mãe, ele tinha guardado as duas.
Achei que aquilo seria bom o bastante pra que o Rebeca precisava fazer e peguei as alianças.
__Eu acho que isso aqui vai servir e...
Virei-me pra falar com David mais ele havia sumido. Por um momento pensei em procurá-lo pra podermos ir embora, mas então lembrei que ele não estava realmente ali, que era só uma alucinação e respirei fundo. Eu precisava manter o foco na realidade pra não me perder, eu precisava me concentrar.
__Já achei o que precisávamos__ falei com Joseph que ainda procurava alguma coisa na sala.
__Ótimo, é melhor irmos logo embora, eu acho que ouvi alguma coisa lá fora.
Saímos do apartamento de olhos bem abertos, também ouvi barulhos estranhos atrás de nós, mas sempre que virava pra olhar não havia ninguém lá e pensei que apenas estivéssemos paranóicos, mas todo cuidado era pouco. O que eu precisava agora era resolver esse assunto com meu pai e depois fugir pra um lugar bem seguro e longe dessa loucura toda antes que fosse tarde demais.

Fim do Décimo Capítulo





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Eu sei que demorei e bla bla bla. É porque tipo eu fiz a maratona e eu sei que muita gente tava tentando acompanhar! E bem, agora eu vou diminuir mais o fluxo de postadas tipo, um dia se um dia não, ok? Porque tipo, eu preciso me organizar aqui no note, eu peguei ele hoje \o/ . Só que o mouse ta ruim e a tela ficou muito mole! Ai eu vou ter que levar amanhã de novo e não sei quando vão devolver. Foi horrivel pra postar!
Outra coisa, só tenho mais um mês de férias e tipo eu vou pro primeiro ano(sim eu tenho 14 anos) e por causa disso só vou entrar mesmo final de semana provavelmente como eu fazia antes! Por causa disso eu ja quero escrever alguns capitulos prontos para progamar as postagens e tals...
Não sei se isso vai ser possivel então tipo, lembrem que eu estou aumentando o tempo de uma postagem pra outra para ser melhor pra vocês no futuro!!!
Ah outra coisa, o lay da proxima fic ja ta pronto praticamente *u* Depois vou colocar aqui p vcs me dizerem o que acham! Ele etá bem fofinho por sinal *O* .
Outra coisa, em breve vou fazer uma parte(pagina) aqui no blog me apresentando e tals, falando um pouco sobre mim, vo botar uma foto minha... pra vocês me conhecerem melhor ^^
Então... acho que é só! haha.
Beeeeeeeeijos.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Feliz Natal + Divulgação

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Então gente...Como todos sabemos hoje é natal :D E por isso estou aqui desejando um feliz natal a vocês.
Bom... o natal não significa só comer comer comer (mentira) o natal é uma data muito importante que é o nascimento de Jesus \o/ . Muitas pessoas acabam esquecendo o verdadeiro significado do natal que é familia, amizade, união e etc..
Ontem eu tava no twitter né, e fiquei meio que revoltada porque a maioria das pessoas com a familia reunida e estavam reclamando por causa disso! Existem tantas pessoas que dariam tudo para estar com a familia reunida numa noite tão especial como essa! (Tipo eu).
Então gente... acho que é só isso mesmo kkk.
Aproveitando o embalo vou divulgar esses blogs da Lari \o/ :


E um Feliz Natal para todos vocês :D



Feliz Natal


Chapter Nine ( Fim da Maratona )

Joseph Narrando

        Eu chamei seu nome inúmeras vezes enquanto ouvia passos no corredor, desamarrei suas pernas sentindo o desespero tomar conta, se me pegassem ali eu era um homem morto. Demi sussurrou meu nome uma vez, começando a se remexer na maca, ficando inquieta, a sacudi novamente, sem tempo pra ser delicado e a vi abrir os olhos, mas ela não parecia estar me enxergando, era como se visse através de mim.
        __Demi, fala comigo__ eu implorei__ vamos, acorde.
        A porta da sala se abriu, me virei assustado e lá estava ele... Marcus, e mais dois caras mal encarados.
        __Eu sabia que você viria__ Marcus disse rindo__ você é tão previsível... Levem ele.
        Os dois homens vieram até mim, tentei lutar pra me defender, mas eles foram mais rápidos que eu e me seguraram cada um por um braço, me arrastando pra fora da sala.
        __DEIXE ELA EM PAZ__ eu gritei enquanto me levavam__ EU VOU MATAR VOCÊ DESGRAÇADO.
        Eu não sabia de onde vinham as palavras, mas eu não conseguia controlar a raiva. Deixei que me arrastassem pra outra sala, Marcus veio atrás e ajudou a me amarrar em uma cadeira, depois mandou que os outros saíssem e trancou a porta, ficando sozinho comigo.
        __Então irmãozinho__ ele parou na minha frente e cruzou os braços__ eu sabia que você viria, só não esperava que fosse enquanto ainda estivesse sem memória. Também não imaginava que conseguiria passar pela segurança, achei que eles te pegariam na hora.
__É, você está sempre me subestimando__ forcei um sorriso, tentando esconder o nervosismo por estar na presença dele desta forma, como um demônio.
__Não farei mais isso__ ele garantiu.
Marcus se aproximou de mim e me encolhi quando estendeu a mão na minha direção, ele puxou a faca que estava presa a minha calça e a girou entre os dedos, analisando a lamina coberta de sangue.
__Obrigada, eu ia mesmo precisar disso__ ele sorriu e pos a faca sobre uma mesa que continha uns objetos bem estranhos e que concerteza não estava ali pra enfeitar o lugar__ sabe de uma coisa Joseph, você não mudou nada não é mesmo? Não aprendeu nada na sua estadia no inferno.
__Isso é o que você diz__ resmunguei tentando soltar minhas mãos de forma discreta.
__Você morreu por causa de uma mulher há séculos atrás, e está repetindo o mesmo feito agora__ ele comentou se sentando na mesa__ sabe, eu achei que você tivesse entendido que o amor não serve pra nada, só pra ferrar com a sua vida. Você sempre foi tão desesperado por atenção e isso acabou com você.
Tecnicamente ele estava certo, minha vontade de atenção, meu amor por Marie, acabaram me matando, mas eu não me arrependia das coisas que tinha feito, os momentos que eu passara com ela foram únicos embora tenha terminado de forma trágica. Eu faria tudo de novo.
__Já você nunca soube o que é o amor__ eu rebati.
__Eu amava Marie__ ele me garantiu.
__Não você não amava coisa nenhuma__ revirei os olhos__ eu me lembro bem, quando nossos pais deram a ideia do casamento você odiou, eu sabia que você não gostava dela, você só fez aquilo pra contrariar a mim, você sabia desde o inicio que eu a amava e me provocava fazendo carinhos nela toda vez que eu me aproximava, você é um hipócrita isso sim.
__Bem... Você até que tem razão em um ponto, eu gostava de provocar você, mas ainda sim gostava de Marie, o tempo que passei com ela fez eu me apaixonar, e doeu de verdade quando você a matou.
__Eu não a matei.
__Mas também não impediu que ela morresse__ deu de ombros__ de uma forma ou de outra foi sua culpa.
Eu não queria ter aquela discussão com ele, eu já me culpara demais pelo que acontecera e não precisava que ele ficasse me lembrando, e agora eu estava preocupado em ser a causa da morte de outra pessoa, eu só tinha que ter tirado ela de lá e não consegui, agora nós dois morreríamos.
__Vai me matar agora ou ainda vai ficar me enchendo a paciência?__ eu questionei zangado.
__Oh não, eu não posso matar você ainda, preciso de você vivo pra trazer Crowley de volta__ ele explicou brincando com a faca__ mas depois que ele estiver livre vou pedir pra que deixe eu esquartejar você em vários pedacinhos e depois queimá-los, ou então comê-los no jantar.
__Faça isso__ era incrível como responder ia ficando mais simples e as ameaças dele já não me assustavam tanto__ e tomara que tenha uma grande indigestão.
__Que seja__ ele revirou os olhos__ vou chamar Amélia aqui pra resolver logo esse assunto. Não vá a lugar nenhum por favor, e não tente nenhuma besteira, ou vai se arrepender.
Ele saiu da sala, me deixando sozinho, aproveitei a oportunidade pra tentar me soltar mas as cordas eram fortes e o nó estava apertado demais. Eu não sairia dali sem ajuda, o que não era nada bom. Fiquei me perguntando se Demi já teria acordado, se estava bem e onde Rebeca estaria agora, ela seria útil com seus truquezinhos aqui agora.
Passaram-se pelo menos dez minutos até que a tal Amélia entrou na sala, uma bruxa concerteza, a irmã de Rebeca pelo que eu tinha ouvido falar, vadia. Ela entrou em silencio e começou a arrumar umas coisas na mesa, fiquei observando em silencio, sem paciência pra perguntar. Ela misturou algumas das coisas que tinham sobre a mesa, alguns pós e ervas e até mesmo ossos que eu concerteza não queria saber de onde vieram mas esperava que fossem de animais, seria menos bizarro. Então ela pegou uma espécie de tigela de metal com uns desenhos esquisitos e a minha faca e se aproximou de mim.
__Então Joseph, já te disseram exatamente por que você está aqui?__ ela perguntou.
__Alguma coisa sobre libertar um demônio, Craley, algo assim__ resmunguei__ e ah, meu irmão quer me esquartejar e comer os pedacinhos.
__É Crowley__ ela me corrigiu__ você o mandou para o inferno faz um tempinho e o prendeu em um lugar de onde não é tão fácil escapar, ainda mais com a porta para o inferno trancada.
__Eu devia mesmo ser foda__ comentei distraidamente__ pra acabar assim com um demônio tão poderoso.
Ela revirou os olhos e deu volta, ficando atrás de mim de modo que eu não podia enxergá-la.
__O caso é que eu descobri um feitiço que pode tirá-lo de lá, mas pra isso é preciso usar o sangue do “exorcista”, no caso você, que o mandou de volta pra lá.
__Sangue do...
Antes que eu pudesse terminar de falar a senti deslizando a lâmina fria da faca pelo meu braço, não deu pra evitar o grito de dor, eu já tinha sido cortado antes, mas aquilo parecia que estava queimando todo meu braço... Senti o sangue começar a escorrer.
__FILHA DA...
__Shh, não seja um bebê, é só um pouco de sangue__ ela se afastou e caminhou até a mesa levando a tigela com o meu sangue__ acho que isso deve bastar.
Ela mergulhou os dedos dentro da tigela e começou a desenhar algo na mesa com o meu sangue, aquilo me deu náuseas. Tentei um pouco desesperadamente agora me soltar, eu não sabia exatamente o que ela estava fazendo, mas eu tinha certeza de que não ia querer ficar ali pra ver.
__Só fique quieto ou vai ser pior__ ela disse sem parar o que fazia.
__O que está fazendo?
__Libera quod adhæsit, aperire ostium quod separat nos. Uniendis in duos ... Vis dominari.
Conforme ela sussurrava as palavras o chão parecia tremer, as luzes começavam a piscar e eu ficava mais assustado. Amélia caminhou até o centro da sala, deixou que um pingo do meu sangue caisse no chão e uma fenda começou a se abrir bem ali.
__Ele está vindo__ ela sorriu__ prepare-se Joe.

Demetria Narrando


Acordei de repente, assustada e sem fôlego. Foi como se eu tentasse me levantar após uma queda de vários andares onde boa parte do meu corpo estava quebrada ou fora do lugar, minha cabeça parecia que ia estourar e o mundo parecia... Diferente. Eu o ouvia chamando meu nome, implorando pra que eu acordasse e aquilo me deu forças pra fazer o certo, mas quando abri os olhos o rosto que vi foi um outro, completamente diferente do que eu esperava.
__Oi Demi__ Marcus sorriu pra mim__ você acordou... Aquele filho da mãe conseguiu mesmo.
__Onde ele está?__ arrumei forças pra perguntar__ o que você fez com ele?
__Ele está esperando pra receber o Crowley agora querida, eu acho que vocês não vão se ver mais... É ume pena não é mesmo?__ ele deu de ombros se escorando na parede__ mas não se preocupe, sua vez vai chegar logo, logo, é só ter paciência.
Crowley, me senti nauseada ao ouvir aquele nome, ele estava voltando, ia me matar e ao Joseph também e não havia nada pra se fazer, nada pra impedir, pelo menos nada que eu conseguisse imaginar naquele momento, o desespero começou a tomar conta de novo, eu não tinha acordado do meu sonho perfeito pra isso, eu tinha que fazer alguma coisa. Meus pés não estavam mais amarrados, tentei me levantar, fazer força contra as amarras da minha mão, mas eu era fraca isso, e congelei quando vi Joseph parado ao lado de Marcus. Mas não o Joseph desmemoriado... O meu Joseph, meu Joseph mau, com aqueles olhos negros e sorriso debochado.
__Levante dessa maca Demi__ ele ordenou__ não temos tempo pra você descansar agora, Crowley está voltando e ele vai me matar, você precisa me ajudar.
Mas que... Olhei em volta assustada, Marcus não parecia notar a presença dele e comecei a achar que eu estava com problemas, eu tinha acordado, não devia mais estar vendo ele. Ou aquilo ainda era somente um sonho? Porque se fosse coisa da Amélia era uma brincadeira doentia demais.
__Pare de me olhar desse jeito__ Joseph resmungou__ levante daí, você é uma bruxa, use seu poder.
__Eu não... Não sei como fazer isso... Eu não... __ nem conseguia formar um pensamento coerente.
__Fazer o que?__ Marcus perguntou me encarando confuso__ do que está falando?
__Você já fez isso antes__ Joseph me lembrou__ claro que foram pequenos incidentes, mas você sabe que pode Demi, use a sua raiva, levante daí e mostre a eles do que você é capaz.
__Eu não posso fazer isso__ disse nervosa, esquecendo que estava discutindo com uma alucinação.
__Com quem você está falando Demi?__ Marcus perguntou de novo olhando na mesma direção que eu agora encarava, mas ele não via o mesmo que eu__ responda minha pergunta agora.
__Eu preciso da sua ajuda Demi__ Joseph disse me olhando nos olhos__ vai me deixar morrer?
Senti que o chão começava a tremer e as luzes a piscar, uma atmosfera sombria pairava no ar e até Marcus se desconcentrou por um momento, sorrindo pro nada, como se aquilo fosse algo bom. Joseph chegou mais perto de mim.
__Ele está chegando Demi, sente isso? É Crowley__ ele murmurou baixinho e de forma sombria__ ele vai me matar, o que você vai fazer sobre isso hã? Vai sentar e assistir?
__Ele está vindo__ Marcus disse sorrindo, esquecendo minha loucura por um momento__ a diversão vai começar logo, antes do que eu pensava.
Todos os sentimentos ruins se juntaram em mim, batalhando pra saber quem tomaria conta, o desespero estava na frente, seguido pela raiva e o rancor, a tristeza e a amargura. De repente me senti diferente, senti que uma energia fluía por todo meu corpo, como eletricidade e era uma sensação agradável, me fez sentir no controle. Olhei em direção as amarras que me prendiam meus pulsos e como mágica elas se abriram sozinhas, me libertando.
__Mas que... __ Marcus me encarou confuso.
Não tive tempo de pensar o que aquilo significava, de tentar entender o que estava acontecendo, eu só sabia que precisava sair dali e ajudar Joseph, eu precisava salvá-lo, eu devia isso a ele. Ele podia não se lembrar de mim, mas eu ainda o amava e isso não apagava as vezes que ele me salvara também.
__Fique onde está garota, não quero brigar com você__ Marcus avisou.
Olhei pra ele, concentrando toda minha raiva em sua figura e quando ele vinha pra cima de mim se encolheu no chão, como se sentisse alguma dor. Aproveitei pra sair correndo da sala em direção a um enorme corredor, com muitas portas por sinal, eu demoraria horas pra descobrir onde Joseph estava, mas parecia que a sorte estava do meu lado. Um pouco mais a frente, algo parecia se espalhar por uma das portas brancas, umas linhas vermelhas formando desenhos estranhos que pareciam ser feitos com... Sangue. Engoli em seco e corri até lá, abrindo a porta que estava entreaberta com um pequeno chute.
A cena lá dentro não era agradável... Joseph estava sentado e amarrado em uma cadeira, toda a sala parecia pintada de vermelho, vermelho sangue e uma fenda se abria aos poucos no chão, aumentando mais a cada segundo. Amélia também estava no canto da sala olhando a cena e sorrindo, engoli meu medo.
__O que você...
Amélia não terminou sua frase, quando a olhei ela foi jogada contra a parede, bateu a cabeça e desmaiou. Entrei na sala correndo e fui até Joseph.
__Como você...
__Agora não__ eu o cortei soltando as amarras__ vamos sair logo daqui.
Corremos pra fora da sala quando uma sombra estranha saia de dentro do buraco no chão e começava a tomar forma... Corremos como dois desesperados de mãos dadas pelos corredores, eu não acreditava realmente que conseguiríamos chegar em algum lugar, mas pelo menos precisávamos tentar.

_____________________________

        Marcus e Amélia correram pelos corredores atrás de Joseph e Demi, mas quando alcançaram a porta do galpão Amélia ordenou que Marcus e seus capangas parassem e deixassem que os dois fugissem.
        __O que?__ Marcus a encarou incrédulo__ está maluca?
        __Eu sei exatamente o que estou fazendo, não me questione__ ela o fuzilou com os olhos.
        __Crowley está lá dentro__ Marcus a lembrou__ o que vai dizer a ele em?
        __Crowley acabou de retornar__ Amélia explicou__ ele vai estar fraco, vai precisar de uns dias até estar em total condições de fazer o ritual, até recuperar todos seus poderes por completo, ele não poderia fazer nada agora.
        __Isso não muda nada__ Marcus resmungou impaciente__ não podemos deixá-los soltos Amélia, Demi usou seus poderes de bruxa pra sair daqui, se ela liberar todos os seus poderes e se tornar uma bruxa completa, vai ser inútil pra Crowley e teremos que começar tudo de novo, ele não vai gostar.
        __Ela não vai fazer isso__ disse despreocupada__ minha irmãzinha Rebeca é esperta demais, sabe que a única coisa que mantêm Demi viva é o fato de precisarmos dela. Ela vai encontrar um outro jeito, vai bolar todo um planinho e não vai ter nenhum resultado.
        __Está cometendo um erro...
__Não, eles estão fazendo exatamente o que eu queria__ ela sorriu contente__ eles vão buscar abrigo e Rebeca vai me levar exatamente aonde eu quero, ela vai me mostrar o caminho.
__O caminho pra que?__ ele questionou com impaciência.
__Não é da sua conta__ ela resmungou__ chame Melissa e siga aqueles dois, descubra aonde vão se esconder mas não os confronte, apenas espione. Eu vou falar com Crowley.
__Ma....
Ele já ia protestar, mas começou a sentir novamente aquela dor insuportável, um sufoco desesperador e se encolheu no chão enquanto Amélia sorria debochadamente pra ele.
__Faça o que eu mandei, e pare de me questionar, ou da próxima vez eu faço isso pra matar está ouvindo?
__Sim__ ele respondeu com dificuldade.
Ela parou o que fazia e ele se levantou.
__Agora vá antes que eu perca a paciência... Em breve teremos tudo que precisamos e o mundo será nosso.

Fim do Nono Capítulo

Chapter Eight (Maratona)

Quando anoiteceu nos sentamos todos a mesa pra jantar juntos, inclusive Victória. Meu pé ainda doía e eu me sentia esquisita pelo que acontecera mais cedo no parque, e durante todo o dia continuava sentindo aquela presença e por momentos até pensei ouvir alguém chamando meu nome, me implorando que eu acordasse. Eu estava assustada, e David não deixou de perceber isso, mas prometi a mim mesma que não falaria nada pra ninguém, eram só alucinações e iam passar.
__Como está o pé querida?__ meu pai perguntou.
__Está melhor pai__ sorri amarelo revirando a comida no prato.
Enquanto todos conversavam eu fiquei calada encarando o nada. Aquela sensação que me invadia, de tinha algo errado não me abandonava, mesmo ali, observando minha família junta sorrindo parecia que algo não estava certo, como se não fosse aquilo que devia estar acontecendo.
__Você está sentindo não está?__ olhei pra frente e ele estava ali escorado na parede atrás do meu irmão com um sorriso debochado no rosto__ sabe que tem alguma coisa errada, mas não sabe o que é.
Eu ia gritar, olhei em volta mas ninguém parecia notar a presença dele... Oh Deus, eu estava mesmo louca.
__Pode pedir ajuda, não vai adiantar__ ele deu de ombros__ eu estou dentro da sua cabecinha Demi, eu não sou real, assim como nada disso__ ele apontou pra tudo em volta__ você me ama demais pra simplesmente me esquecer assim, mesmo aqui, nesse mundinho perfeito que você idealizou você não consegue me deixar de lado, pois sabe que está errado.
__Me deixe em paz, eu não sei quem é você__ escondi o rosto nas mãos, ninguém na mesa pareceu notar o que estava havendo, a vida seguia independente da minha loucura.
__Eu não vou a lugar nenhum enquanto você não acordar__ ele me garantiu__ eu preciso da sua ajuda, você precisa acordar e me ajudar a lembrar. Precisa ser mais corajosa que isso... Onde está aquela garota que enfrentava demônios pra proteger os que amava? Eu sei que você está ai.
Tentei ignorá-lo, isso, fingi qu ele não estava ali e continuei seguindo com a minha vida, eu estava ficando completamente louca, não era isso que eu estava esperando quando completei dezoito anos.
__Me ignorar não vai me fazer desaparecer Demi, eu vou continuar aqui__ ele disse rindo__ sabe, seu irmão parece um cara legal, e ele tem bom gosto pra garotas.
Ignore-o Demi, é só ignorar e ele vai embora, ele não é real. 
__Isso me lembra aquele jantar com os seus tios lá em Sacrifice, você lembra? Quando me descobriu e surtou? Foi muito divertido ameaçar você pra ficar caladinha__ tentei continuar ignorando, mas enquanto ele falava flashes invadiam a minha mente, eu via a cena que ele falara, o jantar, o meu medo dele, a nossa conversa, os gritos... Mas estava errado, fazia anos que eu não ia pra Sacrifice e não via meus tios, eu não o conhecia__ você lembra não lembra? Eu sei que lembra.
__SAIA DA MINHA CABEÇA__ eu gritei me levantando num salto__ ESTÁ ME DEIXANDO LOUCA.
__Demi precisa de alguma coisa?__ minha mãe me olhou de um jeito estranho. Olhei em volta e ele tinha sumido de novo, suspirei levemente mais aliviada.
__Eu não estou me sentindo bem__ gaguejei nervosa__ vou tomar um banho e me deitar, eu sinto muito, podem continuar o jantar sem mim.
Dei as costas a eles e fui pro meu quarto, fechando a porta atrás de mim, respirei fundo várias vezes tentando manter o controle, eu não sabia oque estava acontecendo comigo, mas eu não gostava nada daquilo, era perturbador. Talvez eu devesse pedir ajuda de um psiquiatra ou algo do tipo antes que aquilo piorasse.
__Ta tudo bem Demi, você está bem__ repeti pra mim mesma.
Fui até o banheiro, uma banho quente deveria me ajudar a relaxar e depois de uma boa noite de sono eu ficaria novinha em folha e pararia de ver aquelas coisas sem sentido.
Tirei a roupa e me enfiei embaixo da água quente, o efeito relaxante foi imediato e senti como se um peso fosse tirado das minhas costas. Fechei os olhos e deixei que a água fizesse seu trabalho, eu poderia dormir ali mesmo, surpresa com o quanto eu estava cansada.
__Tão linda, eu sinto falta desse corpo__ gritei ao ouvir aquela voz tão perto__ mas você fica mais bonita ruiva, eu acho ruivas incrivelmente sexys, não sei explicar.
Abri os olhos e ele estava em pé dentro Box comigo, eu estiquei a mão e puxei a toalha que estava pendurava ali e me cobri assustada, os olhos arregalados... Aquilo estava começando a ficar ridículo.
__Porque está se escondendo?__ ele riu__ não tem nada ai que eu já não tenha visto.
__Vai pro inferno__ resmunguei sem pensar.
__Já estive lá__ respondeu tranquilamente__ não é um bom lugar pra tirar férias.
__Saia da minha cabeça agora, me deixe em paz__ ordenei frustrada.
__Vamos Demi, pare de se fazer de difícil__ ele revirou os olhos__ eu só estou aqui porque você quer que eu esteja, você controla o sonho, você me faz aparecer aqui porque você quer acordar, você sabe que é o certo a fazer, sabe que não pode desistir.
__Não sei do que está falando, me deixa em paz__ desliguei o chuveiro e tentei passar por ele que me impediu se pondo no meu caminho. 
__Eu já disse, você não pode se esquecer de mim__ ele chegou mais perto, perto demais, caminhei pra trás até estar imprensando entre a parede e ele e meu coração enlouqueceu, batendo freneticamente com a proximidade, ele me assustava, mas tinha alguma coisa que me arrastava até ele, diga se não estou maluca?
__Se você não é mesmo real, então suma, eu não quero você aqui... Desapareça.
__Não está me convencendo__ ele sussurrou no meu ouvido, encostando seu corpo no meu__ vamos Demi, acorde e poderemos fazer isso no mundo real, eu e você, não é possível que tenha esquecido do meu toque__ ele segurou minha cintura.
__Não, não, não__ eu sussurrava pra mim mesma, os olhos fechados, ou melhor... Trancados.
__Vamos Demi, nada disso aqui é real e você sabe__ ele continuou, seus lábios tocando minha orelha__ seu irmão, sua cunhada, o carinho dos seus pais, a casa, tudo isso é um sonho... Até eu mesmo, mais tem uma coisa que é real. O que sentimos um pelo outro, você não pode apagar, você não pode me esquecer, você não pode esquecer isso__ e dizendo isso ele encostou seus lábios no meu, delicada e suavemente, uma corrente elétrica atravessando todo o meu corpo.
Me rendi ao momento, aquela incrível sensação, mas não durou, senti que ele se afastava e quando abri os olhos eu estava sozinha no banheiro, não havia nada ali, ninguém.
__Demi?__ ouvi a voz de Davi chamar atrás da porta__ você está bem?
Vesti o roupão que estava pendurado ali e abri a porta do banheiro, dando de cara com David. Ele me encarava com preocupação, mas de alguma forma eu soube que estava errado, eu soube que aquela loucura era real.
__Você não é real__ eu sussurrei deixando que lágrimas invadissem meus olhos.
__O que? É claro que eu sou real__ ele riu e estendeu a mão pra toar minha testa__ você está bem bonequinha? Acho que está com febre.
__Eu queria tanto que isso fosse real__ choraminguei gostando do toque dele e sabendo que era tudo uma mentira__ eu queria tanto que você ainda estivesse vivo.
Eu podia ver, eu lembrava de tudo agora... Eu tinha perdido tudo com o que me importava e tentava me refugiar num sonho bom, mas não era real, não era certo.
__Demi, o que você...
__Eu queria ficar aqui com você__ sorri pra ele__ gostaria de ter impedido o que houve aquele dia, mas isso nunca vai mudar, não posso mudar o passado, eu queria mais não posso.
__Demi, você está me assustando... O que...
Fechei os olhos com força, eu precisava acordar... Eu tinha que abrir os olhos agora e voltar a realidade, eu precisava ser forte e enfrentar aquilo, desistir não era uma opção, por mais que eu quisesse ficar aqui, por mais que eu quisesse que fosse real não era. Minha vida não era perfeita e nunca seria.
__Acorde Demi__ ouvi uma voz desesperada chamar meu nome__ Por favor Demi, você precisa acordar.

Fim do Oitavo Capítulo

Chapter Seven (Maratona)

Demetria Narrando

        __Acorde Demi__ uma vozinha suave sussurrava em meu ouvido__ está na hora de acordar princesa.
        Abri os olhos devagar, me espreguiçando pra espantar o sono e sorri ao dar de cara com meus pais ali parados sorrindo pra mim. Sentei-me na cama, esfregando os olhos e depois de encarar o relógio os observei levemente confusa.
        __Algum problema?__ perguntei.
        __Feliz aniversário de dezoito anos__ eles sorriram alegremente pra mim.
        Os encarei confusa por um momento, como podia ser meu aniversário de dezoito anos e eu não lembrar disso? Era o momento mais esperado por mim desde que fiz quatorze e ouvi sobre o que isso significava, maior idade... Liberdade. Alguma coisa me pareceu estranha naquele cenário mas ignorei isso quando minha mãe me abraçou e me entregou um envelope com um lacinho colado.
        __Abra seu presente__ ela disse ansiosa.
        __Você vai adorar isso, é de nós dois... Deu trabalho conseguir em cima da hora mas sabíamos que você ia adorar isso, então aproveite__ meu pai disse.
Abri o envelope curiosa, primeiro achei que fosse dinheiro, mas quando abri vi que eram três ingressos pro show do Ne-yo na cidade na próxima semana. Não acreditei quando vi aquilo, um sorriso imenso iluminou meu rosto, eu tinha tentado comprar os ingressos pro show, mas além de serem caros e minha mesada ser baixa, os ingressos haviam esgotado em poucos dias, então havia perdido a esperança.
__Não acredito que fizeram isso__ abrecei os dois__ é perfeito, obrigada.
Ne-yo, era meu cantor favorito, ele tinha ótimas músicas e minha favorita era Never New I Need, meus pais ficavam enjoados de me ouvirem cantando essa música pela casa, mas eu não ligava.
__Compramos três ingressos pra você não ir sozinha, então pode levar o David e mais alguma amiga sua.
__Oh obrigada, vocês são os melhores pais do mundo__ bom, eles sabiam ser bons pais quando queriam__ falando nisso, onde está o David?
Meus pais se entreolharam sem jeito.
__David saiu ainda pouco com a Vic, não disse pra onde ia e nem quando voltava, acho que iam passar o dia todo fora__ meu pai disse desconfortável.
__Oque? Ele saiu sem falar comigo? Mas por quê?__ os encarei confusa__ ele está tramando alguma coisa?
David era meu irmão e éramos como unha e carne, inseparáveis, ele não faria algo assim comigo, me largar no dia do meu aniversário pra sair com a namorada sem graça dele. Na verdade ela era bem legal, mas eu tinha ciúmes por ela roubar toda a atenção dele, isso não vinha ao caso agora.
__Não sei querida, sinceramente__ minha mãe deu de ombros__ mas se levanta, preparei um café da manhã incrível pra você.
Eu me troquei e fui tomar o café da manhã especial que minha mãe fazia nos aniversários da família, com direito a tudo que ela proibia agente de comer normalmente, era incrível. Recebi várias ligações durante o dia e as horas foram passando sem que eu tivesse noticias do David. Algo estava me incomodando naquela história, ele não era de fazer isso, não era possível que tivesse esquecido de mim. Enquanto aguardava que ele aparecesse eu sentia uma estranha presença perto de mim, pensei ser loucura da minha parte, talvez eu não tivesse dormido bem, mas era uma presença forte que me causava arrepios e eu sentia como se alguém me observasse.
Chegou uma determinada hora que a raiva tomou conta de mim e sai de casa as pressas sem avisar aonde ia. Eu sabia onde David estaria se Vic estivesse com ele, tinha um lugar que ela simplesmente adora e David não cansava de falar sobre isso. A lanchonete não era muito longe da minha casa, então decidi que não seria um grande problema chegar até lá. Em questão de cinco minutos eu atravessava à rua em direção a lanchonete, nem precisei entrar pra reconhecê-los lá dentro, sentados um de frente pro outro e rindo de alguma bobagem e eles não pareciam com pressa. Não acreditava que ele tinha mesmo me trocado por ela no meu aniversário.
__Então__ eu cruzei os braços parada ao lado da mesa__ estão se divertindo?
__Demi?__ David me olhou espantado__ o que faz aqui?
__Não acredito que me largou no meu aniversário pra ficar com essa daí__ apontei pra ela irritada, deixando meu mau humor falar mais alto__ como você pode em?
__Demi, você não esta entendendo__ Victória interveio__ agente só estava...
__Eu não estou falando com você__ a cortei e voltei minha atenção pro David__ você sabia como esse dia era importante pra mim, eu achei que fossemos comemorar juntos, mais quer saber, você não se importa, está sempre me trocando pra ficar com ela, sempre tem algo mais importante pra fazer.
__Demi__ ele tentou falar de novo, se levantando da cadeira.
__Eu odeio você__ cuspi as palavras sem conseguir me conter.
Dei as costas a ele e saí da lanchonete apressada, estava tão irritada que lágrimas começaram a se formar nos meus olhos, eu odiava isso, toda vez que estava frustrada começava a chorar feito uma idiota, nem conseguia manter minha dignidade. Atravessei a rua correndo, ouvi David vindo atrás de mim, chamando meu nome e pedindo que eu esperasse, mas eu não queria falar com ele.
__Demi espere...
Ele parou no meio da frase, ouvi um barulho estranho de um carro derrapando e me virei assustada pra olhar o que estava havendo, o carro vinha rápido na direção de David que ficou parado no lugar sem reação.
__NÃO__ Gritei desesperada.
Parei de respirar e parecia que meu coração tinha parado de bater também, mas pouco antes de acertar David o carro conseguiu parar. Minhas pernas fraquejaram e eu tive que me segurar no banco pra não cair no chão com o susto, o motorista desceu do carro e correu até ele.
__Meus Deus, você esta bem?__ ele perguntou__ eu perdi o controle do carro, eu sinto muito.
__Não, tudo bem__ David respondeu__ não me acertou, foi só um susto.
__Graças a Deus, me desculpe mesmo rapaz.
Victória estava parada na porta da lanchonete e também parecia aliviada. David saiu do meio da rua e correu até mim, eu larguei o banco e me joguei nos braços dele, meu coração voltando a bater só que dessa vez tão rápido que chegava a doer dentro do peito.
__Oh Deus, você está bem?__ perguntei chorando, incapaz de segurar as lágrimas.
__Ta tudo bem Demis, foi só um susto, calma__ ele deu um beijo nos meus cabelos e me abraçou de volta__ escuta, eu não esqueci do seu aniversário, eu sai cedo com a Vic pra procurar o seu presente, eu procurei algo a semana toda e não consegui achar nada que fosse bom o bastante, então pedi a Vic, eu queria que fosse algo especial.
__Oh, eu sou uma péssima irmã, você quase morreu por minha causa__ eu disse de olhos arregalados__ e eu disse aquelas coisas horríveis, me desculpa.
__Ta tudo bem bonequinha__ ele sorriu pra mim, eu adorava quando ele me chamava assim__ não foi sua culpa, e eu estou bem... E falando nisso, feliz aniversário.
Ele tirou um pequeno embrulho do bolso e me entregou. Vic chegou correndo e o abraçou assim como eu fizera, também assustada.
__Você esta bem?__ ela perguntou preocupada.
__É, vaso ruim não quebra... Eu sou invencível__ ele piscou pra ela e lhe roubou um selinho.
Eu abri o pequeno embrulho que ele me dera e tirei de dentro o presente especial que ele demorou tanto pra encontrar. Era uma tornozelheira linda, de ouro, com as letras formando a palavra Dream, e tinhas uns pequenos coraçõezinhos em volta, era simplesmente linda.
__É perfeita David__ o encarei com lágrimas nos olhos e depois a Vic__ obrigada por ajudá-lo e me desculpem pelas coisas que eu falei, eu sinto muito.
__Ta tudo bem__ eles garantiram e me abraçaram__ feliz aniversário Demi.
__Agora vamos pra casa comer bolo__ David disse segurando minha mão e a de Vic.
Ele começou a nos puxar em direção a nossa casa, usei a mão livre pra limpar as lágrimas e me recompor, um alivio sem tamanho me invadindo ao ver que estava tudo bem, por um momento achei que ele seria atropelado, achei que perderia meu irmão e minha vida nunca mais seria a mesma, mas fora só um susto.
Lancei um rápido olhar em direção a lanchonete e vi um homem parado ali... Estava todo vestido de preto, as mãos dentro dos bolsos da calça, os cabelos bagunçados, um sorriso estranho no rosto, um sorriso que causava calafrios, mas o que me chamou atenção foram os olhos, eles eram... Negros, completamente. Fiquei parada no lugar olhando pra ele sem reação, divida entre o medo e uma outra coisa que eu não sabia nomear, eu conhecia aquele rosto, eu sabia que sim.
__Demi está tudo bem?__ David perguntou.
__Eu... __ me virei pra olhá-lo sem saber o que responder, então olhei de novo na direção do homem mas ele não estava mais lá, tinha sumido, sacudi a cabeça certa de que estava imaginando coisas__ eu estou bem sim, só pensei ter visto alguém mas... Era impressão minha.
__Ok, vem bonequinha__ ele me abraçou e seguimos os três pra casa.

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        Aquele tinha sido o melhor aniversário da história, tirando o susto que levei com o David tudo tinha sido perfeito e hoje íamos dar uma volta pela cidade. Eu, David e sua namorada Vic, eu tinha decidido dar uma chance a ela e tentar não ser tão ciumenta assim, tinha espaço pra nós duas no coração dele.
        Nós três estávamos passeando juntos, tínhamos decidido ir comprar um sorvete e depois ir ao parque de diversões, quando íamos atravessar a rua eu pisei de mau jeito e meu pé torceu, graças ao maldito salto alto que eu estava usando, presente da minha tia que me obrigara a usar hoje. David me segurou antes que eu caísse no chão.
        __Oh merda__ resmunguei de dor me apoiando nele.
        __Você está bem Demi?__ ele riu da minha cara enquanto me ajudava a sentar no banco.
        __Eu estou bem, eu só não nasci pra usar salto alto__ tirei o sapato do pé__ droga.
        __Alguém desastrada igual a você de salto, não é mesmo uma boa combinação.
        Mostrei a língua pra ele como uma criancinha faria.
        __Está doendo muito?__ Victória perguntou__ podemos te levar ao médico.
        __Não tudo bem, daqui a pouco passa__ eu garanti__ mais eu ainda quero meu sorvete, vão lá comprar, eu espero aqui sentada.
__Tem certeza?
__Claro, eu já estava mesmo cansada do papo de vocês__ provoquei__ andem logo, eu quero de baunilha com chocolate e muita cobertura, ou nenhum de vocês vai me acompanhar naquele show.
__Chantagista__ David resmungou rindo.
Eu tinha convidado os dois pra ir ao show no Ne-yo comigo, ia ser legal. Eles foram até a sorveteria e eu fiquei lá sentada no banco esperando, massageando meu tornozelo, salto alto era uma arma fatal e perigosa. Eu estava sozinha no banco, não vi nem ouvi ninguém se aproximar mas de repente quando olhei pro lado havia um homem sentado ali olhando pra mim, eu obviamente tomei um susto e tive que conter um gritinho histérico.
__Desculpe eu não queria te assustar__ ele sorriu, um sorriso encantador e meu coração errou uma batida, fiquei olhando pra ele tentando descobrir o que me era tão familiar em seu rosto, mas me perdi encarando seus lindos olhos castanhos e profundos.
__Ta tudo bem__ forcei um sorriso tentando não parecer muito idiota e desviei o olhar.
__Sério?__ ele falou de repente rindo__ essa é sua ideia de vida perfeita Demi?__ congelei ao ouvi-lo falar meu nome__ posso entender o desejo de seu irmão estar vivo, mas fala sério, passeios pela cidade pra tomar sorvete, showzinho do Ne-yo, você realmente acha isso melhor do que o que tinha antes?
__Desculpe, eu conheço você?__ disse assustada, como ele sabia meu nome? De repente lembrei de onde o conhecia, era o cara que eu vira ontem na frente da lanchonete, com aquele estranho sorriso me encarando.
__Eu sei que você está magoada e assustada__ ele disse se virando pra mim e me inclinei pra trás pra manter distancia, querendo ir embora mas em conseguir me mecher__ mas isso não é a solução Demi, você não pode simplesmente me esquecer, não pode simplesmente fingir que nada aconteceu.
__Fique longe de mim__ eu murmurei nervosa.
__Você precisa acordar agora e me ajudar a lembrar, precisa ser forte... Isso aqui não é real e se você desistir vai morrer, eu vou morrer, vamos todos pro inferno. Você precisa acordar... Agora.
__Demi...
Me virei pra trás instintivamente e David estava parada ali com Vic segurando meu sorvete. Olhei de novo pro homem ao meu lado, mas ele sumira, assim como no dia anterior, sumiu como se nunca estivesse estado ali, eu olhei em volta assustada, procurando por ele.
__Qual o problema Dems?__ David perguntou preocupado.
__Nada, eu... __ se eu contasse a ele provavelmente pensaria que eu estava louca, então me calei__ trouxe o sorvete certo?__ sorri tentando parecer tranquila, mas por dentro eu estava pirando.
__Sim madame__ ele me entregou o sorvete e se sentou ao meu lado.
__Ele quase errou__ Vic informou se sentando do outro lado__ mas eu dei um jeito nele.
Tentei ficar tranquila e aproveitar o dia mas aquele homem não me saia da cabeça, nem as coisas que disse, eu não podia ter imaginado aquilo, eu não estava louca, eu sentia que alguma coisa ali estava errada, algo não se encaixava. Olhei pro outro lado da rua e vi ele parado perto de uma loja, ele sorriu pra mim e murmurou alguma coisa, mesmo sem poder ouvir eu soube o que era “Acorde”. Quando ele disse isso o mundo a minha volta pareceu ficar turvo e cinza, as coisas perderam o foco e eu me levantei apressada, assustada, querendo que aquilo parasse.
__Demi o que foi?__ David perguntou.
Eu olhei pra ele e quando nossos olhos se encontraram tudo voltou ao normal. Respirei fundo e segurei as lágrimas que ameaçavam cair, maldição, eu tinha que aprender a me controlar.
__Nada, só está doendo__ eu disse me referindo ao meu pé__ pode me levar pra casa agora por favor?
__Claro, tudo bem, Vic me ajuda__ ele entregou o resto do sorvete pra ela e se virou pra mim, me pegando no colo sem nenhum esforço, eu escondi o rosto na curva do seu pescoço__ vamos pra casa bonequinha.
Fechei meus olhos e deixei que ele me levasse até em casa, e desejei não ver mais essas coisas, eu não queria ficar louca, eu só queria viver minha vida, só queria ser normal.

Fim do Sétimo Capítulo

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Chapter Six ( Maratona )

O lugar pra onde Rebeca apontava era o suposto balcão onde Demi estaria presa. Eu tinha minhas dúvidas de que ela tivesse acertado o local, mas foi só olhar pra lá pra ver que não tinha como ser outro lugar. O galpão estava cercado de demônios, por todos os lados.
__Eles não podem nos ver daqui?__ perguntei nervoso.
__Eu acho que não, eu me preocuparia por você estar aqui, mas agora que é humano eles não podem mais sentir sua presença, então acho que estamos seguros__ ela explicou__ é só ficarmos escondidos.
Estávamos escondidos atrás de umas árvores na floresta que cercavam o galpão, era a uma distância razoável e estamos no alto de um morro, então pra chegar ao galpão teríamos de descer até lá em baixo.
__Então... Qual é o plano?__ eu perguntei olhando lá pra baixo.
__Pensei que tivéssemos concordado que não havia um plano__ ela resmungou e eu a encarei com impaciência__ tudo bem, antes de você me chamar eu já estava aqui dando uma olhada no lugar e consegui analisar o esquema de segurança deles.
__Tudo bem, o que você descobriu?
__Eles tem dois seguranças na porta da frente que ficam lá o tempo todo, não saem de suas posições pra nada__ ela disse apontando na direção deles__ tem uma porta nos fundos com outros dois homens que também ficam naquela posição todo o tempo, então pra passar por eles precisaríamos de uma distração.
 __Nenhum pouco complicado__ fiz careta observando eles com atenção, não eram nada simpáticos.
__Um pouco mais a frente tem um carro estacionado e um demônio que dá a volta nele a cada cinco minutos, acho que tem alguma coisa importante lá dentro, mas não faço ideia do que seja__ ela apontou pro furgão preto estacionado perto do galpão__ lá em baixo, descendo o morro, assim que acabam as árvores tem mais um deles vigiando... Ele dá uma volta, então se aproxima da floresta, mas só fica durante um minuto, ele olha pra cá, depois dá as costas, fica mais alguns segundos e volta pra perto dos outros.
__Tenho que ser rápido se quiser derrubá-lo__ disse pensando em como faria aquilo.
__Fora que deve ter mais um monte deles dentro do galpão__ ela continuou falando__ tem certeza que quer fazer isso Joseph? Você não tem muita experiência em luta, é perigoso sem sua memória.
__Você não queria minha ajuda? Eu estou aqui, pare de ficar me amedrontando__ resmunguei__ além do mais você vai comigo não é? Pode usar sua magia pra me ajudar.
__Na verdade não acho que seja uma boa ideia me aproximar de lá.
__Porque não?
__Minha irmã vai estar lá dentro e assim como os demônios sentem a presença um do outro, as bruxas sentem também, ela vai saber que eu estou aqui, ainda mais sendo irmã dela. Como você é humano vai estar invisível, se tomar cuidado ninguém vai te ver.
__Mas se algo der errado você pode intervir com magia certo?
__Eles estão enfeitiçados, não posso atingi-los com magia... Vai ter que ser do jeito difícil.
__Por isso queria que eu viesse? Pra fazer o trabalho todo sozinho?
__Não obriguei você a vir, se quiser ir embora tudo bem__ ela deu de ombros.
__Deus, eu vou morrer__ suspirei segurando a faca com mais força.
__Deus?__ ela fez careta__ você definitivamente não é Joseph.
Ignorei o comentário e comecei a descer o morro, escorregando pela terra com cuidado pra não cair nem fazer nenhum barulho que chamasse atenção, ou eu estaria morto. Quando cheguei lá em baixo fiquei escondido atrás de uma árvore observando quando o demônio de vigia daria as costas pra que eu pudesse atacar.
Ele fez exatamente o que Rebeca disse que ele faria... Aproximou-se da floresta, observou durantes alguns segundos, e então deu as costas ainda parado no mesmo lugar. Aproveitei o momento, saí do meio as árvores e antes que ele pudesse reagir enterrei a faca em suas costas, tapando sua boca pra conter o grito. Ele tremeu, parecendo que estava entrando em curto, uma luz estranha iluminando seus olhos, segundos depois estava caído no chão sem vida. Olhei pro corpo por um momento... Eu consegui mesmo, matei um demônio. 
Segurei o corpo pelos braços e o arrastei pro meio da floresta, o escondendo ali pra certificar que ninguém veria, o próximo alvo seria o cara vigiando o carro. Me Aproximei devagar quando ele estava de costas, abaixado pra não ser visto e me escorei no carro rezando pra que aquilo desse certo. Esperei um três minutos até que o cara deu a volta no carro como Rebeca tinha me avisado, me preparei, assim que ele fez a volta e me viu dei um soco no seu rosto o deixando atordoado e enterrei a faca no seu peito, ele despencou no chão e eu o puxei pra que nenhuma parte do seu corpo ficasse a vista, não dava pra ver o que tinha furgão, e a parta estava trancada então deixei pra lá, pensaria nisso depois. Agora pra entrar no galpão eu só precisa acabar com os dois seguranças na porta, mas como fazer isso se eles não saiam do lugar? Eu precisava chamar a atenção deles. Eu já tinha matado antes, mas até mesmo pra mim aquilo era estranho, eu não sabia de onde vinha essa minha força e agilidade, mas eu consideraria isso depois.
__Vamos Joseph, você consegue__ murmurei pra mim mesmo.
Eu tirei o sapato do pé do cara que eu matei e respirei fundo sem acreditar que estava mesmo fazendo aquilo. Uma parte de mim quis recuar e me esconder em um lugar bem longe dali, mas a outra mentalizou o rosto desesperado de Demi, o sorriso cínico de Marcus e os gritos de Marie me pedindo por socorro sem que e pudesse fazer nada, e liberando toda aquela raiva reprimida taquei o sapato com toda minha força na direção do portão.
__Que merda é essa?__ um deles perguntou.
__É o sapato do Lary__ o outro respondeu__ tem alguém aqui.
Esperei abaixado que eles se aproximassem de mim, apertei a faca entre os dedos com mais força e quando eles se viraram na minha direção acertei um soco no rosto do primeiro cara, o fazendo cambalear, aquilo fez minha mão doer mas ignorei acertando o cabo da faca no estômago do outro. O primeiro veio pra cima novamente, num movimento rápido enterrei a faca na base da sua cabeça e a puxei rapidamente cortando o pescoço do segundo... Os dois caíram sem vida no chão.
__Droga, como eu fiz isso?__ resmunguei impressionado comigo mesmo.
Arrastei em silencio os outros dois corpos pra trás do carro e corri até a porta da frente que pra minha sorte estava aberta, entrei e encostei a porta atrás de mim e mais uma surpresa.
__Fala sério, só pode ser brincadeira.
Era um corredor enorme a minha frente, com várias bifurcações e milhares de portas... Aquilo não podia estar acontecendo, como eu ia encontrar Demi naquele labirinto? E olhando de fora o lugar parecia bem menor, talvez estivesse enfeitiçado... Malditas bruxas.
__Eu vou morrer aqui__ sussurrei pra mim mesmo e comecei a andar, eu ia ter que tirar na sorte. 
Devagar e cuidadosamente comecei andando pelos corredores e abrindo porta por porta, a maioria estava completamente vazia, sem sinal algum de vida nem mesmo objetos. Com a quantidade de portas ali eu levaria a vida toda pra encontrá-la, aquilo não estava indo tão bem quanto eu pensava.
__Tem alguma coisa errada__ ouvi vozes se aproximando e abri uma das portas me enfiando na sala e rezando pra que não me achassem ali__ o pessoal lá de fora não responde.
__Mande dois homens lá fora verificarem.
As vozes desapareceram, esperei um momento então sai da sala.
__Vamos Demi, apareça... Cada você?
Eu só queria encontrá-la e ir embora dali, queria que aquela loucura passasse e quando abri a porta seguinte nem acreditei na minha sorte. Ela estava lá, deitada em uma espécie de maca, os pés e as mãos amarrados. Me aproximei correndo dela, estava desacordada.
__Demi__ eu chamei a sacudindo levemente__ Demi acorda.
Mas ela não respondia... Ouvi passos se aproximando novamente e me desesperei.
__Por favor Demi, você precisa acordar.

Fim do Sexto Capítulo

Chapter Five (Maratona)

Joseph Narrando

        Eu me sentia perdido, como se de repente tudo em que eu acreditava desaparecesse e se mostrasse uma grande mentira. Eu estava confuso e assustado e não gostava nem um pouco de me sentir assim, parecia que tinha algo faltando, como se algo tivesse se quebrado dentro de mim e se perdido, e eu não fazia ideia de como concertar isso. Rebeca andava de um lado para o outro do apartamento tentando pensar em alguma coisa útil pra ajudar Demi, mas eu não conseguia parar de ver o rosto de Marcus na minha frente, com aqueles olhos sinistros e o sorriso debochado... Eu o matei séculos atrás e ele agora estava de volta pra me atormentar, aquilo era tão louco e bizarro. Como eu cheguei aquele ponto?
        __Eu não sei se isso vai funcionar, mas eu preciso tentar__ Rebeca disse finalmente__ vou fazer um feitiço de localização, talvez eu consiga descobrir pra onde levaram Demi.
        __Como vai fazer isso?__ perguntei mesmo sem querer saber.
        __Preciso de um objeto pessoal da Demi, algo importante, com que ela tenha uma ligação forte.
        Me levantei em silêncio e caminhei até o quarto, Rebeca me seguiu confusa querendo saber o que eu ia fazer. Achei o que queria na cabaceira da cama, era uma tornozelheira de ouro com as letras formando a palavra Dream. Eu a peguei entre meus dedos e a ofereci a Rebeca.
__Acho que isso é dela__ disse mesmo sem entender como eu sabia daquilo.
__Você está lembrando de algo?__ ela sorriu esperançosa pra mim.
__Eu não sei ok?__ respondi nervoso, não queria que esperassem nada de mim__ eu só sei que isso é dela.
__Tudo bem, fiquei calmo__ ela pediu__ eu vou fazer o feitiço.
Ela voltou à sala e eu observei do canto enquanto ela pegava algumas coisas estranhas e se preparava pra fazer o tal feitiço, eu conhecia Rebeca há um tempo, mas nunca me acostumei a vê-la fazendo esses feitiços, toda essa coisa de bruxaria ainda era esquisita pra mim. Na verdade me lembro de sentir raiva dela, eu achava que ela tinha que ter me ajudado, que tinha que ter impedido a tragédia que aconteceu comigo, afinal ela era poderosa. Agora já não fazia mais diferença , eu não podia mudar o que tinha acontecido, só aceitar. O engraçado é que agora parecia doer bem menos que antes... Lembro-me de quando pus a corda no pescoço pra me matar, como a dor e a agonia eram insuportáveis, eu via o rosto de Marie em tudo, eu estava manchado de vermelho, havia sangue em todo lugar. Agora parecia só uma memória distante e outra coisa começava a me incomodar... Os gritos de Demi me pedindo por ajuda.
__Consegui__ Rebeca murmurou, seus olhos estavam fixos num ponto à frente, ela parecia perdida em algum outro mundo__ eu posso ver.
__Pra onde ele a levou?
__Um galpão, é afastado da cidade, perto da floresta__ ela disse__ está trancada em um quarto, amarrada.
__Sabe onde fica esse galpão?
__Rua Cambridge, perto do porto, eu posso sentir o cheiro da água__ ela fechou os olhos.
Ela soltou a tornozelheira e abriu os olhos como se despertasse de um transe.
__Acho que podemos chegar até lá__ ela se levantou__ eles devem ter seguranças por toda parte, mas se analisarmos com cuidado podemos bolar um plano e um jeito de entrar.
__Espere, espere__ eu pedi__ você disse... Nós?
__É__ ela me encarou confusa__ você vai me ajudar certo?
__Eu não acho que seja uma boa ideia__ dei um passo pra trás__ vai estar cheio de... Demônios lá.
__Eu sei disso... Mas é a Demi__ ela continuou me encarando__ precisamos ajudá-la, não lembra como ela estava assustada? Não podemos largá-la sozinha pra morrer.
__Não espero que faça isso, eu só... Não posso ajudar__ tentei explicar__ eu sou só um humano Rebeca, eu sou fraco, e não tenho minhas memórias, eu não sei como eu seria útil.
__Eu posso trazer sua memória de volta, eu encontrei o feitiço__ ela respondeu__ não contei a Demi porque não achei o momento propicio, mas isso se resolve facilmente, eu só precisaria de algumas...
__Não, não... Eu já disse que não quero aquelas lembranças de volta__ a interrompi percebendo onde aquela conversa ia chegar__ não vai jogar feitiço nenhum em mim, eu quero continuar do jeito que estou.
__Como? No escuro?__ ela provocou__ Seja pelas mãos de demônios ou não Joseph, se continuar do jeito que está você vai morrer, parece uma criança perdida, escolheu uma péssima hora pra bancar o idiota.
__Você não faz ideia do que eu estou passando__ rebati zangado.
__Não rapaz, você é que não faz ideia do que está acontecendo, olha... Demi tem razão, eu não posso te obrigar a lembrar e não vou fazer isso, é uma escolha sua. Eu vou ajudá-la porque meu amigo Joseph me pediu isso, ele me pediu pra que eu cuidasse dela caso ele não pudesse mais e eu vou cumprir minha promessa. Agora se você precisar de ajuda, seja pro que for, não venha me procurar... Eu não vou ajudar. Eu tirei o feitiço que impedia você de morrer, então se quiser se livrar dessa confusão e colocar a corda no pescoço de novo, como o bom covarde que é, vai em frente.
Antes que eu tivesse a oportunidade de responder ela desapareceu, sumiu no ar. Eu fiquei lá parado sem saber o que fazer, o que pensar. Estavam todos esperando uma atitude mim, esperando que os salvasse, mas eu não sabia o que deveria fazer, eu não era o cara que eles esperavam que eu fosse, eu não era o tal Joseph de quem eles falavam, eu era só eu. Eu queria poder ajudar, mas não fazia ideia de como.
Sentei-me no sofá encarando as paredes, passou-me um breve minuto antes de eu começar a ser tomado por uma raiva que eu não sabia de onde vinha. Eu não era covarde, podiam me chamar de qualquer coisa menos disso. Lembrei-me do dia em que matei Marcus, de como ele brigara comigo e as coisas que me dissera e meu ódio por ele também aumentou, até se tornar incontrolável no ponto em que vi o rosto de Demi assustada me pedindo socorro, na forma como ele a estava machucando. Meu sangue ferveu e as coisas a minha frente começaram a ficar vermelhas, eu me senti como se estivesse possuído, como se não fosse eu mesmo. Meus olhos se focaram na faca jogada no chão, ela estava manchada de sangue e imagens de eu mesmo enterrando ela no peito de várias pessoas me invadiram a mente.
De repente eu só via morte e sangue, e fiquei surpreso em como aquilo me agradava, eu quase podia sentir o gosto do sangue na minha língua. Levantei-me num pulo, pegando a faca do chão e sai do apartamento. Eu não deixaria aquela bruxa estúpida me chamar de covarde. Quando finalmente cheguei à rua eu me sentia como se estivesse em outro planeta, havia pessoas andando apressadas de um lado para o outro, prédios enormes e veículos barulhentos que tornavam quase impossível pensar... Nada daquilo me parecia familiar, e eu não fazia ideia de como chegaria ao endereço que Rebeca descobriu, eu não sabia por onde começar, e então comecei a me sentir frustrado.
__Droga Rebeca, onde você foi__ resmunguei nervoso, percebi que as pessoas passavam na rua e me olhavam de um jeito estranho, talvez fosse pela faca ensangüentada que eu carregava, mas não me importei com isso__ apareça sua bruxa idiota.
__O que você quer?__ ela se materializou na minha frente__ já se desesperou por não saber se virar sozinho?__ resmungou amargurada__ o novo mundo é uma droga hã?
__Eu não sou covarde__ quase gritei__ não tem o direito de falar assim nem me julgar.
__Oh, eu irritei você?__ ela revirou os olhos__ eu tenho mais o que fazer.
__Leve-me com você__ eu ordenei.
__Lá vai estar cheio de demônios__ ela me lembrou cruzando os braços__ e você é só um humano.
__Bem, eu tenho isso__ mostrei a faca pra ela.
__Você sabe usar isso?__ ela parecia cética.
__É uma faca__ eu murmurei com impaciência__ é só enterrá-la no peito de alguém, eu já fiz isso antes com alguns dos idiotas que machucaram a Marie.
__Eles eram humanos, você nunca fez isso com um demônio, pelo menos não que se lembre.
__Pra tudo tem a primeira vez não é mesmo?__ disse impaciente__ vamos, eu quero matar alguém.
Ela me encarou surpresa, como se visse um fantasma.
__O que foi que deu em você?__ ela perguntou me analisando de forma estranha__ estava quase se borrando de medo alguns minutos atrás, o que te fez mudar de ideia?
__Eu não sei__ confessei sinceramente__ só sei que de repente me surgiu uma vontade louca e assassina de descontar minha raiva em alguém, não quer aproveitar? Você queria minha ajuda, aqui estou... Vai ficar parada me olhando como uma idiota?
Ela sorriu alegremente, eu não esperava isso__ eu sabia que o meu amigo não tinha sumido completamente, ele está ai em algum lugar, você só precisa libertá-lo, talvez nem precise de magia.
Eu não entendia o que ela queria dizer, só sabia que não agüentava mais ficar parado, eu não estava me reconhecendo mais, não sabia de onde vinha àquela sensação louca, aquele sentimento enfurecido, mas eu gostava.
__Vamos lá então__ ela sorriu e pôs a mão no meu ombro.
A sensação do teletransporte não era agradável, era como ser espremido em um espaço apertado, espancado e talvez girar sem parar até vomitar, como crianças idiotas costumam fazer, então quando chegamos ao lugar que ela queria eu me abaixei no chão e vomitei... E lá se foi minha fúria assassina.
__Vamos, nem foi tão ruim assim__ ela me provocou.
__Não podíamos ter vindo andando?__ eu resmunguei me pondo de pé.
__E arriscar ver você perder essa sua coragem repentina no meio do caminho? Não mesmo.
__Olha minha coragem ali no chão?__ zombei com um sorriso falso__ me sinto doente.
__Você não tinha esse problema quando era um demônio.
__Cala a boca__ eu não gostava que ficassem me repetindo isso o tempo todo, eu um demônio... Isso era tão patético, eu nunca fui um cara exatamente bom, mas daí a ser um demônio era loucura.
__Joseph__ ela me chamou e quando olhei ela apontava pra algo bem atrás de nós__ nós chegamos, dá só uma olhada naquilo.
Eu não sei o que ela estava olhando, mas acho que não ia me agradar.

Fim do Quinto Capítulo